segunda-feira, 25 de maio de 2009

COMPOSIÇÃO SOCIAL DAS COMUNIDADES PAULINAS I

COMPOSIÇÃO SOCIAL DAS COMUNIDADES PAULINAS

BASEADO NO LIVRO HISTÓRIA SOCIAL DO PROTOCRISTIANISMO, DE EKKEHARD W. STEGEMANN, E WOLFGANG STEGEMANN PUDE TER UMA IDÉIA DE QUE NAS COMUNIDADES PAULINAS ENCONTRAVA-SE UMA DIVERSIDADE DAS CLASES SOCIAIS DA ÉPOCA. INDO DO ESTRATO SUPERIOR ATÉ O INFERIOR.
ESSA ERA UMA DAS QUESTÕES MAIS DELICADAS PARA PAULO, QUE TANTO INSTRUIA OU RICO COMO AO POBRE COMO DEVERIA AGIR UM COM O OUTRO, NUMA COMUNIDADE ONDE TANTO HAVIA O ESCRAVO, COMO O SENHOR DE TERRAS, ONDE PODEMOS VER NA CARTA A FILEMOM QUE ERA UM PROPRIETARIO DE TERRAS E DE ESCRAVOS, E PAULO INTERSEDE POR ONESIMO ANTE ELE ,E COMO ONESIMO, TAMBEM VIVIAM OUTROS ESCRAVOS E ALGUNS DELES SÃO CITADOS EM CARTAS PAULINAS COMO: AMPLIATO, URBANO E TARSO(RM. 6:8-22).
DO EXTRATO SUPERIOR NÃO SE TEM MUITOS RELATOS ,POREM PODEMOS DESTACAR DESSES:
*FILEMOM, EM COLOSSOS ; QUE ERA DONO DE TERRAS E DE ESCRAVOS.
* PRICILA E AQUILA, EM ROMA; CASAL JUDAICO DE ARTIFICES QUE APESAR DE NÃO SER ENQUADRADO NO ESTRATO SUPERIOR TINHA BÕAS CONDIÇÕES FINANSEIRAS.
* ESTEFANAS, EM CORINTO; TAMBEM ERA PROPRIETÁRIO DE CASAS ONDE OS CRENTES SE REUNIAM.
* FEBE, QUE TINHA PERTENSIDO AO ESTRATO SUPERIOR BEM CENCREIA, TINHA RIQUESAS COMO TAMBEM INFLUENCIAS SOCIAIS E JURIDICAS, E TAMBEM PRSTAVA AUXILIO ECONÔMICO À COMUNIDADE E A PAULO, SENDO QUE O MESMO A CHAMOU DE PATRONA (TITULO DADO A PESSOAS QUE EXERCIAM ALTORIDADE SOBRE A COMUNIDADE)
* GAIO, CIDADÃO ROMANO, POSSUIA UM CASA SUFICIENTIMENTE GRANDE PERA REUNIR TODOS OS CRENTES EM CRISTO NA CIDADE DE CORINTO.
CONFIRMANDO ASSIM UMA ESCALA SOCIAL AMPLA NAS COMINIDADES PAULINAS.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

PALAVRAS INICIAIS

No conjunto dos livros que compõe o Novo Testamento ocupam lugar especial as 13 cartas ou epístolas consideradas como escritos paulinos. Juntamente com os evangelhos, estes livros foram os primeiros a serem aceitos nas coleções iniciais durante o processo de formação do cânon do NT. O lugar de destaque do corpus paulinum na tradição cristã justifica-se notadamente pela figura do próprio apóstolo Paulo, considerado por Rinaldo Fabris (1992) como o teórico e o organizador do cristianismo enquanto sistema teológico e Igreja universal. Raymond Brown (2004), de igual modo, considera-o como a figura mais influente na história do cristianismo depois de Jesus. O autor dos Atos dos apóstolos, provavelmente Lucas, dispensa a maior parte de sua obra para contar a trajetória do apóstolo, atribuindo-lhe uma condição de missionário modelo no contexto dos primórdios do cristianismo. Ademais, o conteúdo teológico auferido das cartas de Paulo tem fundamentado o desenvolvimento da teologia cristã ao longo da história da Igreja.


1 Tessalonicenses, Gálatas, Filipenses, Filemom, 1 e 2 Coríntios e Romanos, são consideradas por alguns biblistas[1] como epístolas protopaulinas, isto é, escritas pelo Paulo histórico, diretamente ou através de um secretário; ao passo que a autoria paulina de 2 Tessalonicenses, Colossenses, Efésios, Tito e as duas epístolas a Timóteo seriam de autenticidade discutível, portanto identificadas como deuteropaulinas, escritas provavelmente por discípulos de Paulo. Oscar Cullmann (2001), entretanto, não percebe razões suficientes para deixar de atribuir à pena de Paulo as redações de 2 Tessalonicenses, Colossenses e Efésios. A carta aos Hebreus, que por muito tempo foi incluída pela tradição entre as cartas de Paulo, já não é mais considerada como tal pela pesquisa bíblica. Em que pesem as divergências entre os estudiosos quanto à autoria paulina de alguns destes escritos, todos eles coadunam com a idéia de que estas 13 cartas estão no bojo da tradição e influência do apóstolo Paulo. Em todas elas são percebidos os temas característicos da teologia paulina, ainda que interpretados de modo específico, de acordo com a realidade de cada comunidade para a qual foram direcionadas.


Quanto à forma, a classificação dos textos paulinos tem como modelos de referência as cartas e as epístolas gregas, em relação às quais os escritos bíblicos guardam certa peculiaridade. Na literatura greco-romana as cartas eram caracterizadas pela troca de informações entre um escritor e um correspondente específico, separados um do outro pela distância. As epístolas, por sua vez, seriam escritos que, em geral, apresentavam um ensinamento moral a um público maior, sendo destinados à publicação[2]. A nosso ver, os dois gêneros influenciaram a redação paulina, de modo que, alguns dos livros aproximam-se mais das cartas, enquanto outros se assemelham mais a uma epístola. A estrutura das cartas, em geral, é constituída de fórmula introdutória, ação de graças, mensagem – núcleo principal da epístola – e fórmula conclusiva, podendo haver modificações deste esquema.


Na pesquisa sobre o corpus paulinum os estudiosos têm oferecido um destacado interesse à pessoa do autor, analisam a sua biografia e sua formação, buscando, assim, melhor compreender as relações do escritor com os contextos que o influenciaram, a saber, o grego e o judaico. Além do estudo da vida de Paulo, são cuidadosamente investigadas as comunidades destinatárias dos seus escritos, recorrendo-se a todos os registros e documentos que possam auxiliar a reconstituição do contexto histórico, social, político, cultural e religioso que engendravam os modos de ser e viver das comunidades paulinas.


Apontar um tema central no corpus paulinum é um risco do qual a maioria dos estudiosos procuram afastar-se. Entretanto, percebemos no decorrer das leituras que se concebe um acento especial à justificação pela fé. Para Mesters (2008), por exemplo, o centro da vida do apóstolo foi a busca pela justificação, primeiramente a partir da Lei e, após a experiência com o crucificado e ressureto, a partir da fé em Cristo. O conflito entre os cristãos-judeus e os cristãos-gentios também é reconhecido como uma preocupação marcante no corpus paulinum, o que de algum modo se relaciona com a temática anterior.

A título de palavras iniciais, o que fora apresentado até aqui supre a necessidade de nos apossarmos de informações básicas sobre as cartas de Paulo. Nos esforçaremos, doravante, para empreendermos algumas leituras no universo da tradição paulina, realizando recortes mais específicos, com os quais possamos trabalhar.

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[1]Georg Kümmel (1982), Raymond Brown (2004).
[2]Distinção apresentada por Deissmann apud Brown (2004).

BROWN, Raymond. Introdução ao Novo Testamento. Trad. Paulo F. Valério. São Paulo: Paulinas, 2004.
CULLMANN, Oscar. A Formação do Novo Testamento. Trad. Bertoldo Weber. 7ª ed. rev. São Leopoldo: Sinodal, 2001.
FABRIS, Rinaldo. As Cartas de Paulo. Trad. José Maria de Almeida. São Paulo: Loyola, 1992.
KÜMMEL, Georg Werner. Introdução ao Novo Testamento. Tradução da 17ª ed. por Paulo Feine e outros. São Paulo: Paulinas, 1982.
MESTERS, Carlos. Paulo Apóstolo: um trabalhador que anuncia o evangelho. 11ª ed. São Paulo: Paulus, 2008.



sexta-feira, 15 de maio de 2009

Café Teológico - "O Evangelho de Marcos"

A disciplina Novo Testamento I do Seminário Teológico Batista do Nordeste promoveu ontem à noite um Café Teológico com a presença do teólogo Marcos Monteiro.
Na oportunidade, o Evangelho de Marcos nos foi apresentado por ele de modo surpreendente e provocador. Uma comunidade cristã de agricultores e camponeses do norte da Palestina teriam ousado escrever um relato sobre o "Filho de Deus", que foi por eles reconhecido no carpinteiro de Nazaré. Esta afirmação teológica percorre todo o Evangelho de Marcos culminando na afirmação do oficial romano: "verdadeiramente este era o Filho de Deus". Assim, representa-se nas palavras do centurião a supremacia de Jesus sobre o próprio imperador romano, que se considerava Filho do Divino. Um importante membro do império declara que o Jesus Nazareno é que era o verdadeiro filho de Deus ao invés do poderoso César.
O Pr. Marcos conduziu a sua apresentação do evangelho através dos espaços e tempos que dão forma e beleza à construção literária. Entre os espaços, destacou especialmente a primazia da Galiléia, espaço periférico, como lugar de florescimento e irradiação da salvação em contraposição à Judéia e Jerusalém, o excessivamente corrompido centro de poder político-religioso. A possibilidade do novo surge da marginalizada Galiléia e não da rigidez e dogmatismo do Templo, principal símbolo da centralização do poder.
Os tempos em Marcos, segundo o professor, são marcados por fórmulas como “e” (kai); “logo” (eltus); e “aconteceu” (egéneto). O texto é montado a partir de várias narrativas e costurado pela comunidade por estas expressões que lhe conferem rapidez e agilidade, bem como refletem o modo próprio de narrar de uma comunidade agrária. Igualmente, estes tempos representam um certo imediatismo vivido pela comunidade diante do conturbado momento de guerra (66-70) e da iminência da derrota judaica frente aos romanos.
Por outro lado, os tempos presentes no evangelho sugerem a possibilidade da irrupção do novo a qualquer momento – “e aconteceu”, “veio”. A história pode contar com os imprevistos e surpresas de Deus. Não há como definir o começo nem o fim da história.
A ousada comunidade de Marcos nos apresenta ainda a ação libertadora de Jesus frente ao sábado, sendo expressa em atos subversivos contra o legalismo opressor dos portadores da Lei. O Jesus da comunidade de agricultores e camponeses restitui o sentido vivificante do dia designado à festa e ao descanso. Ele restaura e liberta pessoas neste dia, embora neste mesmo dia haja quem trame a sua morte.
Monteiro concluiu brilhantemente a sua preleção exaltando a vitória de Jesus sobre a cruz, máquina de matar do império, através da entrega do seu corpo. O perverso símbolo que resume o poder e a violência imperial é transformado em símbolo de amor e doação. Ao terceiro dia o corpo de Jesus ressuscita glorificado, superando a máquina de matar.